O jogo do bicho foi motivo de grande preocupação da minha mãe e da minha avó quando, recém chegadas de Portugal, souberam que teriam esses vizinhos a poucas casas de distância.
Por intermédio de pessoas chegadas do Brasil, ainda em Portugal, souberam que se tratava de subversão (e subversão era coisa combatida com extrema truculência pelo governo do Salazar, no país do Salazar). Como teriam vizinhos subversivos sem sofrer as consequências da subversão?
No Brasil a coisa era diferente, mesmo em 1958: era subversivo, ilegal, mas sempre funcionou! E funciona até hoje, 2011. E por que não poderia funcionar, me pergunto, já que não há obrigação de jogar - os apostadores jogam por que querem, por que gostam, pelo poder de arriscar a ganhar o prêmio. Outro dia mesmo conversando com um taxista, passando pela rua Riachuelo, se não me engano, ele me falou que tinha boas recordações de um certo beco, pois foi ali que ele ganhou uma boa bolada no bicho e foi capaz de trocar de carro.
Gostaria de saber desde quando existe o ponto do jogo do bicho lá na Babilônia 45. Em 1958 operava a plano vapor. Provavelmente a Sueli, moradora de anos da vila nº 45 casa 08 ou o Sr. Eupídio, que morou na casa 11 devem saber responder. Serão procurados em breve, pois são bibliotecas vivas da rua Babilônia.
O fato é que nunca soube de nenhum problema causado pelo jogo do bicho lá na Babilônia. Pelo contrário. Todos os funcionários e o próprio chefe do ponto, o Sr. Heitor, nos tratavam com muito respeito e nunca demonstraram arrogância e intenções de se instalar como um poder paralelo. Até hoje isso ocorre. Bons tempos aqueles!
Como bem lembrado pelo Ricardo: só não podia bater com a bola na loja ou no Fusquinha, aí o Heitor virava bicho (de verdade!). Gostaria muito de localizar sua família, algum filho ou parente e saber mais sobre sua trajetória de vida, boa parte dela passada na lojinha do bicho na rua Babilônia. Uma foto, do Heitor e/ou do fusquinha, já seria um bom começo.
[]´s
Manelzinho (André Ribeiro)
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